top of page

A Pequena via e a Santa Infância de Jesus na vida da mulher

Atualizado: 24 de mar. de 2021

Juliana Coralli

Victória Rodrigues Augusto

Campinas – 2020

--

“O elevador que me conduzirá até ao céu, são vossos braços, ó Jesus! Por isso, não preciso ficar grande. Devo pelo contrário, conservar-me pequenina, que venha a ser sempre mais”. [1]

--A Santa infância de Jesus

--Segundo o Catecismo da Igreja Católica (CIC) a “apresentação de Jesus no Templo o mostra como o primogênito pertencente ao Senhor” (CIC 529). O CIC diz também que “Jesus é reconhecido como o Messias tão esperado, “luz das nações” e “glória de Israel”, mas também é “sinal de contradição” (CIC 529). É interessante lembrar que Jesus nasce no pequeno, sem luxo em uma humilde vila, e a maior parte da vida de Jesus em Nazaré foi escondida, uma vida oculta sem grandezas aparentes e de trabalho manual.

--A vida pública de Jesus só começou aos seus 30 anos, porém desde o oculto de sua infância ele vem nos evangelizando com seus ensinamentos. Jesus foi sempre obediente e submisso a sua Mãe, a Virgem Maria, e ao seu Pai, São José, nos ensinando não só a importância do quarto mandamento, mas também como a obediência na infância é necessária para formação de nós Mulheres no futuro, seja no lar, no convento, no trabalho, na faculdade ou na escola, a obediência faz com que possamos cumprir o chamado de Deus a nós.

--O próprio Deus escolheu ter uma Mãe e ser submisso a ela. A obediência de Jesus a Maria também nos mostra o exemplo de uma boa infância; em que não se precisa amadurecer e perder a inocência tão cedo. Enxergar as coisas com mais pureza nos dias atuais pode ser mais difícil, pois meninas amadurecem mais cedo e muitas vezes têm de cumprir obrigações que não são próprias para a idade delas, “A obediência de Cristo, no cotidiano da vida escondida, já inaugurava a obra de restabelecimento daquilo que a desobediência de Adão havia destruído” (CIC 612).

--Estende-se também que a vaidade e a competição feminina estão presentes na vida das mulheres desde muito cedo, pais incentivam e vestem as filhas como adultas e com falta de modéstia e pudor, o que atrapalha e distorce totalmente a infância da criança. Outra preocupação é a exposição de seu corpo, pois é natural da mulher querer ser vista e admirada, mas se esse sentimento não for bem orientado, pode causar manchas e feridas em sua infância e na vida adulta. Elas podem direcionar suas carências às pessoas, fazendo com que busquem aceitação de terceiros, quando na verdade o único que realmente pode preencher seu coração é o próprio Deus. Se queremos nos aproximar cada vez mais de Cristo essas atitudes não cabem a nós mulheres cristãs.

--“A vida oculta em Nazaré permite a todo homem estar unido a Jesus nos caminhos mais cotidianos da vida...” (CIC 533). Assim o menino Jesus em sua infância nos ensina a viver na obediência e na pequenez de nossas vidas corriqueiras, como a condição em que se vive a maioria das pessoas nos dias atuais, mostrando que seremos santos na vida escondida, na obediência e na humildade.

--

--A pequena via na vida da Mulher

--A pequena via de Santa Teresinha do menino Jesus é um caminho de santificação, confiança, humildade e pequenez diante a Jesus, um meio reto de elevar a alma até Ele:

“Como sabeis sempre desejei ser santa. Mas, que tristeza! Quando me confronto com os santos, sempre verifiquei que há entre eles e eu a mesma diferença que existe entre a montanha, cujo cimo desaparece nos céus, e o obscuro grão de areia, espezinhado pelos transeuntes. Em vez de me desanimar pensei: O bom deus não seria capaz de inspirar-me desejos irrealizáveis. Posso, por conseguinte, aspirar à santidade, não obstante minha pequenez. Ficar maior, não me é possível. Devo, pois, suportar-me tal qual sou, com todas minhas imperfeições. Mas, procurarei um meio de ir para o céu por um trilha bem reta, bem curta, uma trilha inteiramente nova”.[1]

--Assim como a Santa diz, talvez não seremos como os grandes santos, ou teremos oportunidades grandiosas para nos ofertar por amor a Deus, mas no pequeno do nosso dia a di0a, como ela, reinventamos o caminho de santidade, aplicando a pequena via, amando a Deus em nossa pequenez, ofertando os pequenos e grandes sacrifícios de nosso cotidiano, sendo assim, uma busca pela infância na alma.

--A primeira característica dessa infância é a extrema pobreza (espiritual). Somos tão pobres que não temos nada, e só podemos recorrer ao nosso Pai. Em vez de colecionar tesouros de obras para apresentá-las ao Senhor, Teresa foge do orgulho e da vaidade para apresentar-se como uma mendiga da graça. Isso serve de exame de consciência para nós: como temos nos portado diante das nossas virtudes, de nossos “méritos”? Será que reconhecemos que tudo que temos vem de Deus, mesmo essas coisas boas? Muitas vezes, nos orgulhamos por usar saia, estarmos bonitas em determinados lugares, ajudarmos esta ou aquela pessoa... Não é errado que nos alegremos por tudo isso, mas o fato é: será que reconhecemos que isso vem de Deus, e que sem Sua ajuda, não teríamos essas coisas boas?

--A infância dessa pequena via consiste, portanto, num rebaixamento humilde para tornar-se criança aos olhos de Deus. O palácio onde o Senhor habita tem várias moradas, mas a sua porta é estreita e, por isso, somente os pequenos podem entrar nele. A alma deve fazer-se criança para reconhecer a própria indigência e radical miséria diante de Deus. Tal atitude serve para conquistar o coração do Pai tão amoroso.

--Essa via é também um método de ascese, pelo qual a pessoa vive um esvaziamento da própria vontade para fazer a vontade de Deus. Esse processo não tem nada de sentimentalista ou criancice. A pequena via de Teresinha é também dolorosa. Quantas vezes aceitamos com paciência as coisas que nos acontecem? Esta é a melhor penitência que podemos fazer: aceitar com amor todas as contrariedades da vida, mesmo que seja uma bronca que levamos injustamente (ou justamente), um trabalho de casa que precisa ser feito, um trabalho que não queremos, mas precisamos concluir para a faculdade, etc. De fato, esse rebaixamento é necessário e, de um ponto de vista ascético, mais eficaz para o crescimento espiritual do que as grandes penitências, cujos méritos aparentes podem conduzir-nos à vaidade.

--A Pequena Via pode também ser chamada de infância espiritual, justamente porque consiste em você se fazer criança aos olhos de Deus, para tudo receber d’Ele, como uma criança recebe tudo de sua mãe. Teresinha faz várias alusões às crianças para explicar sua Pequena Via. Por exemplo, nos diz como não se importava muito quando caia, pois era criança, e as crianças quando caem não se machucam muito, pois estão próximas ao chão. Teresinha também, por ser tão simples, não cometia pecados graves, somente leves, ou imperfeições, porque confiava em Deus, e Ele lhe dava a graça para não cair.

--Também dizia como as crianças são puras. Nisso, podemos reparar que as crianças de hoje precisam muito de nossa atenção, vemos nas roupas que usam, nas músicas que ouvem e dançam que sua a pureza é algo que atualmente não é tão preservada. Precisamos cuidar muito do que as crianças vão ver e ouvir quando nós as tivermos, e com que roupas elas irão se vestir. Muitas de nós Mulheres usamos roupas curtas desde pequenas! Mas podemos ter esse cuidado com os filhos que nós teremos, vesti-los bem, e tomar cuidado com o que verão na TV e internet. Muitos pais recomendam que as crianças nem tenham acesso a esse tipo de informação muito cedo, pois não podemos controlar com facilidade o que elas estão assistindo. Além disso, a maturidade, os valores e a consciência de certo ou errado ainda não estão bem estabelecidos na infância, por isso é importante filtrar a qualidade do que será ofertado a elas.

--Podemos aprender muito com esses exemplos e com esta pequena via, fazer as pequenas coisas com um grande amor a Deus pode nos santificar assim como santificou Santa Teresinha. Ela nos abriu a porta da santidade, nos ensinando que não precisamos ser grandes para sermos santos, o que temos que fazer é estar onde estamos, vivendo o cotidiano, cumprir nossas obrigações de estado com a maior perfeição, e aceitar tudo com paciência, por amor a Deus.


 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. Santa Teresa do menino Jesus e da sagrada face. História de uma Alma: manuscritos autobiográficos. 1ª Edição de bolso. São Paulo: PAULUS, 2002.

Comentários


Os comentários foram desativados.
bottom of page