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Consequências da ausência do Amor

Atualizado: 24 de mar. de 2021

Mateus Henrique Miranda Campinas - SP, 2019


“Deus é Amor” – (1 Jo 4, 8). É o que nos diz o evangelista em sua primeira carta.

Se Deus é amor, então porque existem tamanhas atrocidades no mundo? Por que massacres ocorrem? Onde está o Amor de Deus (o próprio Deus, então) no coração das pessoas? Seria Deus mal?

Desde os primórdios do cristianismo existem aqueles que insistem em não acolher a Boa-Nova em seus corações. Judas, o traidor, é um grande exemplo. Movido pela ambição, entregou Aquele que chamara de Mestre por três anos àqueles que queriam matá-Lo. Pedro também traiu Jesus. Pouco antes da paixão, Pedro afirmou que não negaria o Senhor, mas na hora derradeira deixou-se levar pelo medo e negou-O perante os algozes de seu Deus.

O que tudo isso tem em comum com as atrocidades cometidas pelos homens de nosso tempo? Assassinos em série, ditadores sanguinários, psicopatas perversos...

A resposta é esta: Falta de Amor!

O Amor é o que faz nossos olhos enxergarem além dos defeitos do nosso próximo. É esse Amor que faz todo o ódio morrer, todo o egoísmo ceder e toda guerra acabar. Se amássemos verdadeiramente, não com o “amor” que tanto se fala hoje, com sentido deturpado, mas com o Amor transcendente, nada de mal haveria de existir.

Esse amor deturpado surge da destruição do Eros, o amor carnal. É o amor entre os esposos, aquele que une os seres humanos.Mas, assim como o Papa Emérito Bento XVI diz em sua primeira encíclica, Deus Caritas est, sem o amor Ágape, o amor divino, o Eros se torna mal.

“A aparente exaltação do corpo pode bem depressa converter-se em ódio à corporeidade [1]. ” – Papa Bento XVI

O que o Papa disse é exatamente o que acontece. Obcecados pelo corpo, importando-se com o material, cria-se uma imagem irreal do físico e uma aversão ao que existe. Aborto, eutanásia, ideologia de gênero, suicídio, etc., são todos criados pelo grande apego ao Eros e sua consequente destruição.

É necessário que o amor divino complete o amor humano visto que o homem é corpo e alma. Negando o corpo nos tornamos menos dignos, pois o próprio Deus, em sua infinita dignidade, se fez carne. Se negarmos o espírito, nossa grandeza, dada por esse mesmo Deus, nos deixa e nos tornamos menos semelhantes ao Senhor. A complementariedade criada por Deus é bela e não foi feita para ser separada.

Mas afinal, seria Deus, então, mal, por não acabar com todo o mal no mundo?

Não! Deus é infinitamente bom. Ele é o próprio Amor. É impossível para Deus ser mal por ser sumo bem. O mal existe por afastamento de Deus. Mesmo sabendo tudo o que faríamos, por sua onisciência, amou-nos e criou-nos. Quando Adão e Eva, por espontânea vontade, comeram o fruto a morte os abraçou. Os seus filhos, Caim e Abel nasceram no pecado, e Caim, por inveja, matou Abel. Desde os princípios da vida a falta de Amor, o afastamento de Deus, trouxe discórdia e morte.

Deus nos fez bons, e nos deu a liberdade, a partir dela escolhemos o mal. A liberdade transformada em libertinagem pelo pecado nos fez criar amor incondicional pelo corpo, e esse amor se tornou repulsa pela falta da graça divina. Deus não é mal e por ser tão bom nos deixa livres. No entanto, se escolhermos nos distanciar d’Ele e praticarmos o mal tenderemos a viver na maldade.

Pedro faltou com Amor, mas se arrependeu. Judas faltou com Amor e permaneceu na falta. A diferença crucial entre o Santo e o pecador é clara: Amor! Pedro amou a Cristo, pois sabia do Amor do Senhor para com Ele. Judas duvidou que Jesus o amaria novamente após o ter entregue aos algozes.

Jesus, nosso Salvador, veio nos ensinar a dar a vida:


“Quem procurar salvaguardar a vida, perdê-la-á, e quem a perder, conservá-la-á. ” - (Lc 17, 33)

Quem se apegar ao seu amor pessoal não poderá amar de fato o outro. Quem amar o outro, colocando-se a serviço, segue os passos de Jesus. Ele veio nos mostrar a essência do Amor e da existência humana. Dar sem esperar nada em troca.


 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. BENTO XVI. Carta Encíclica Deus Caritas est. Disponível em: <http://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_20051225_deus-caritas-est.html>. Acesso em: 29 nov. 2019.

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