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Ite ad Joseph

O Ano de São José [1]

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Padre Domigos Sávio Bom Jesus do Itabapoana, 2021

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Por ocasião do 150º aniversário da declaração de São José como padroeiro Universal da Igreja, o Santo Padre o Papa Francisco declarou o Ano em honra a São José. Um ano de muita importância para nós católicos, para entendermos realmente o valor e a importância que São José tem na nossa vida e na vida da Igreja. Todos podem encontrar em São José – o homem que passa despercebido, o homem da presença quotidiana discreta e escondida – um intercessor, um amparo e uma guia nos momentos de dificuldade.

É verdade que os Evangelhos falam bem pouco do Santo Patriarca, por isso tão pouco sabemos sobre este grande Santo. Contudo, pelo pouco que conhecemos podemos logo concluir sua grandeza. Na grandeza de sua missão está a grandeza de sua pessoa. Ele foi o guardião da Virgem Maria e o pai legal de Jesus; a ele foram confiadas as pessoas mais importantes de toda história da Salvação. A ele foi confiado o cuidado do próprio Filho de Deus. A ele foi dada a honra e o privilégio de ser o mais próximo e o mais amado de Maria e de Jesus.

O que nos outros santos nos chama a atenção e nos leva a uma grande admiração, em São José nós encontramos em um grau muito maior. São João Batista é grande porque ele foi o precursor de Jesus, mas São José foi o protetor, o guardião do Menino Deus. Os apóstolos foram os mais íntimos de Jesus na sua vida pública, estavam com Ele a todo tempo, a eles foram revelados os segredos mais íntimos do coração de Jesus, mas, a São José muito mais pois conviveu com Jesus e foi realmente um pai para Ele; não pode haver intimidade maior do que esta. Não existe santo que não seja verdadeiramente devoto de Nossa Senhora, e a devoção não é outra coisa que o amor à Virgem Maria, ninguém mais do que São José amou Maria Santíssima, como casto esposo. Nas virgens brilham a virtude da pureza, da castidade, São José é o casto esposo e mais do que isso ele é o guardião da Virgindade daquela que é a Rainha das Virgens, que é Mãe de todos. Os mártires foram aqueles que deram o sangue por Nosso Senhor, São José doou toda sua vida para cuidar do Menino Deus. Os doutores são brilhantes pelas suas obras, São José é brilhante pelo seu escondimento, homem do silêncio, padroeiro da vida contemplativa, homem que aparece pouco mais tem uma missão grandiosa.

Homem aberto às inspirações do Espírito de Deus. Aberto ao plano do Senhor. Exerceu a sua paternidade num silencio muito grande. Porque justamente de José nós temos as atitudes, não tanto as palavras. Viveu intensamente, colocou em prática aquilo que lhe foi revelado e mostrado. Assim foi toda a vida de São José.

Homem que passou pelas tribulações e sofrimentos e como nos ensina neste momento atual que estamos vivendo de pandemia a dar o nosso sim sempre à vontade de Deus. A vontade de Deus, a sua história e o seu projeto passam também através da angústia de José. Assim ele ensina-nos que ter fé em Deus inclui também acreditar que Ele pode intervir inclusive através dos nossos medos, das nossas fragilidades, da nossa fraqueza. E ensina-nos que, no meio das tempestades da vida, não devemos ter medo de deixar a Deus o timão da nossa barca. Por vezes queremos controlar tudo, mas o olhar d’Ele vê sempre mais longe.

José sente uma angústia imensa com a gravidez incompreensível de Maria: mas não quer “difamá-la”, e decide “deixá-la secretamente” (Mt 1, 19). No primeiro sonho, o anjo ajuda-o a resolver o seu grave dilema: “Não temas receber Maria, tua esposa, pois o que Ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados” (Mt 1, 20-21). A sua resposta foi imediata: “Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo” (Mt 1, 24). Com a obediência, superou o seu drama e salvou Maria.

No segundo sonho, o anjo dá esta ordem a José: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e fica lá até que eu te avise, pois Herodes procurará o menino para o matar” (Mt 2, 13). José não hesitou em obedecer, sem se questionar sobre as dificuldades que encontraria: “E ele levantou-se de noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito, permanecendo ali até à morte de Herodes” (Mt 2, 14-15). No Egito, com confiança e paciência, José esperou do anjo o aviso prometido para voltar ao seu país. Logo que o mensageiro divino, num terceiro sonho – depois de o informar que tinham morrido aqueles que procuravam matar o menino – lhe ordena que se levante, tome consigo o menino e sua mãe e regresse à terra de Israel (cf. Mt 2, 19-20), de novo obedece sem hesitar: “Levantando-se, ele tomou o menino e sua mãe e voltou para a terra de Israel” (Mt 2, 21).

Em todas as circunstâncias da sua vida, José soube pronunciar o seu fiat, como Maria na Anunciação e Jesus no Getsémani. São José é patrono da Igreja - O Filho do Todo-Poderoso vem ao mundo, assumindo uma condição de grande fragilidade. Necessita de José para ser defendido, protegido, cuidado e criado. Deus confia neste homem, e o mesmo faz Maria que encontra em José aquele que não só Lhe quer salvar a vida, mas sempre A sustentará a Ela e ao Menino. Neste sentido, São José não pode deixar de ser o Guardião da Igreja, porque a Igreja é o prolongamento do Corpo de Cristo na história.

Enfim, que possamos aumentar o amor por este grande Santo, para nos sentirmos impelidos a implorar a sua intercessão e para imitarmos as suas virtudes e o seu desvelo.

Com efeito, a missão específica dos Santos não é apenas a de conceder milagres e graças, mas de interceder por nós diante de Deus, como fizeram Abraão e Moisés, como faz Jesus, “único mediador” (1 Tm 2, 5), que junto de Deus Pai é o nosso “advogado” (1 Jo 2, 1), “vivo para sempre, a fim de interceder por (nós)” (Heb 7, 25; cf. Rm 8, 34).

Os Santos ajudam todos os fiéis “a tender à santidade e perfeição do próprio estado”. A sua vida é uma prova concreta de que é possível viver o Evangelho. À semelhança de Jesus que disse: “Aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 29), também os Santos são exemplos de vida que havemos de imitar. A isto nos exorta explicitamente São Paulo: “Rogo-vos, pois, que sejais meus imitadores” (1 Cor 4, 16). O mesmo nos diz São José através do seu silêncio eloquente. Estimulado com o exemplo de tantos Santos e Santas diante dos olhos, Santo Agostinho interrogava-se: “Então não poderás fazer o que estes e estas fizeram?” E, assim, chegou à conversão definitiva exclamando: “Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei!”.

Só nos resta implorar, de São José, a graça das graças: a nossa conversão. Ite ad Ioseph!

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Adendo – Indulgências plenárias

Concedem-se especiais indulgências por ocasião do Ano Jubilar em honra de S. José, instituído pelo Sumo Pontífice Francisco, a fim de celebrar-se dignamente o 150.º aniversário da declaração de S. José como Patrono da Igreja Católica.

Concede-se indulgência plenária, sob as condições de costume (a saber, confissão sacramental, comunhão eucarística e oração pelas intenções do Sumo Pontífice), aos fiéis que, completamente desapegados do pecado, participarem do Ano de São José nas circunstâncias e dos modos determinados pela Penitenciaria Apostólica.

a) S. José, verdadeiro homem de fé, nos exorta a reencontrar a relação filial com o Pai, renovar nossa fidelidade à oração, pôr-nos a escutar e responder com profunda consciência à vontade de Deus. — Por isso, concede-se indulgência a todos os que, por ao menos meia hora, meditarem a Oração do Senhor ou, ao menos por um dia, participarem de um retiro espiritual que inclua uma meditação sobre S. José.

b) No Evangelho, o título “homem justo” (Mt 1, 19) é atribuído a S. José, que, guardião “do íntimo mistério que está no mais profundo do coração e da alma”, isto é, partícipe do mistério de Deus e, por isso, exímio protetor em foro interno, nos impelirá a descobrir, no cumprimento dos nossos deveres, a força do silêncio, da prudência e da honestidade. A virtude da justiça, exercida por José de modo admirável, é a plena adesão à Lei divina, ou seja, à Lei da misericórdia, “porque é precisamente a misericórdia de Deus que leva ao cumprimento da justiça autêntica”. — Por esta razão, os que, segundo o exemplo de S. José, realizarem obras de misericórdia, quer corporais, quer espirituais, poderão também alcançar o dom da indulgência plenária.

c) A principal nota da vocação de S. José foi ser o custódio da Santa Família de Nazaré, esposo da Bem-aventurada Virgem Maria e pai legal de Jesus. — A fim de que todas as famílias cristãs sintam-se urgidas a imitar o exemplo de íntima comunhão, amor e oração que a Santa Família viveu plenamente, concede-se indulgência plenária aos fiéis que recitarem o Sacratíssimo Rosário em família ou entre noivos.

d) O Servo de Deus, Papa Pio XII, no dia 1.º de maio de 1955, instituiu a festa de S. José Operário, “com a intenção de que por todos se reconheça a dignidade do trabalho, e de que esta inspire a vida social e as leis, fundadas na equitativa distribuição de direitos e deveres”. — Por isso, poderá lucrar uma indulgência plenária todo aquele que, diariamente, sob o patrocínio de S. José, oferecer o seu trabalho, e qualquer fiel que invocar a intercessão do Operário Nazareno para que todo aquele que buscar trabalho o encontre, e que seja mais digno o trabalho de todos.

e) A Santa Família, ao fugir para o Egito, “mostra-nos que Deus está presente onde o homem está em perigo, onde o homem sofre, para onde se refugia, onde experimenta a rejeição e o abandono”. — Assim, concede-se indulgência plenária aos fiéis que recitarem a Ladainha de S. José (para a tradição latina), ou outra oração a S. José, peculiar das demais tradições litúrgicas, pela Igreja perseguida interna e externamente e para socorrer todos os cristãos, que padecem todo gênero de perseguição.

Para afirmar uma vez mais o patrocínio universal de S. José na Igreja, além das mencionadas circunstâncias, esta Penitenciaria Apostólica concede indulgência plenária aos fiéis cristãos que recitarem alguma oração legitimamente aprovada ou um ato de piedade em honra de S. José (por exemplo, “Ad te, beate Ioseph”), sobretudo nos dias 19 de março e 1.º de maio; na festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José; no domingo de S. José, segundo a tradição bizantina; no dia 19 de qualquer mês e às quartas-feiras, dedicadas, como de costume, à memória do santo, segundo o rito latino.

Nas atuais circunstâncias de saúde pública, o dom da indulgência plenária derrama-se maximamente sobre os anciãos, enfermos, agonizantes e todos aqueles que, por causas legítimas, não podem sair, se, tendo detestado os próprios pecados e feito a intenção de cumprir, assim que possível, as três condições de costume, em sua casa ou em qualquer lugar em que estejam retidos, fizerem piedosas preces em honra de S. José, alívio dos doentes e Padroeiro da boa morte, entregando confiadamente a Deus misericordioso as dores e incômodos da própria vida.


 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

  1. FRANCISCO, Papa (org.). PATRIS CORDE: por ocasião do 150º aniversário da declaração de São José como padroeiro universal da igreja. POR OCASIÃO DO 150º ANIVERSÁRIO DA DECLARAÇÃO DE SÃO JOSÉ COMO PADROEIRO UNIVERSAL DA IGREJA. 2020. Disponível em: http://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/papa-francesco-lettera-ap_20201208_patris-corde.html. Acesso em: 12 mar. 2021.

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