top of page

Jesus Salvador e Senhor

Atualizado: 24 de mar. de 2021

Gleicy Dornelas

Luiz Henrique Assis

Campinas – SP, 2019


Deus nos criou e nos salvou! Essa verdade é bem difundida e conhecida no coração da Igreja, porém algo em especial nos chama a atenção nela: O Criador não quis estar sozinho. Ele nos condicionou para sermos participantes de sua obra e de nossa própria redenção. Por certo sabemos que ninguém se salva a si próprio somente com esforço individual, pois, da mesma maneira que Deus quis precisar da nossa escolha livre para nos salvar, nós também precisamos Dele para completar a redenção de nossa alma [1].

Ele se disponibiliza como Senhor, estando presente de forma física (sacramentos); doutrinal (na Igreja) e infuso em nossas almas (pelo Espírito Santo). Orienta-nos por esses meios a usar de nossa liberdade para trilhar o caminho que ligará desde já e definitivamente nosso coração ao Dele nos céus [1]. Mas por que é tão difícil proclamar a Jesus, Deus feito homem, como o Senhor e Salvador da minha vida, com fidelidade e coerência?

Desde o ventre da Virgem Maria o coração de Jesus já palpitava para nos salvar. E, na noite em que Ele nasceu, os anjos cantaram Glórias a Deus proclamando ao mundo:

“Anuncio-vos uma grande alegria, que será para o todo o povo: nasceu hoje na cidade de Belém, um menino que será para vós um salvador. ” - (Lc 2, 10-11)

Isso é tão importante, que a confirmação se dá através do próprio nome Yeshua – “Deus salva” [2].

Só se pode ver Jesus como Salvador e Senhor a partir do momento em que nos reconhecemos “perdidos”, ou seja, quando reconhecemos que somos falhos e fracos, que não somos capazes de nada e que não chegaremos a lugar nenhum por nós mesmos. Tudo o que nos impulsiona e nos faz ir além consiste na graça e na misericórdia de Jesus. Os apóstolos e os primeiros discípulos na pregação primitiva esforçavam-se em primeiro lugar para enfatizar o Senhorio de Jesus e o plano divino de Deus Pai para com vosso Filho. Portanto, seja há dois mil anos ou seja nos dias de hoje, deve-se fazer um esforço virtuoso de humildade quando se quer apresentar ou mesmo conhecer a figura de Jesus, uma vez que é necessário, a exemplo dos apóstolos, reavivar nas comunidades e especialmente em nossa alma o caminho escolhido por Deus para nossa Salvação [2].

Deus encontrou grande fé no primeiro patriarca, Abraão, a quem prometeu uma descendência mais numerosa que as estrelas do céu; dessa descendência Deus gerou um povo que sofreu com exílios, e desse povo fez brotar juízes e em seguida reis e profetas. Os primeiros profetas já previam a vinda de Jesus (o Messias); e, assim, da descendência de Davi, seu mais humilde e fiel Rei, o Senhor fez nascer o Redentor: na Galileia, cresceu e viveu o Messias, Jesus Cristo, filho de Maria [1].

Após trintas anos oculto, começou sua vida pública fazendo milagres e grandes sinais, causando inveja e rancor em muitos. Por essa razão, em Jerusalém Ele foi perseguido e condenado, morto e crucificado, sepultado entre os pagãos. Porém, ressuscitou depois de três dias, aparecendo vivo e glorioso aos seus discípulos, comendo com eles. A uns permitiu até tocar suas chagas. Após quarentas dias, subiu aos Céus, onde é exaltado e glorificado por todos os seus, e também pelos que aqui na Terra são fiéis ao seu nome [1].

Felizes seremos nós ao proclamarmos Jesus como sumo sacerdote da nossa vida, amando-o como Ele nos amou em sua paixão e, na alegria de um coração ardentemente enamorado por Deus, reconhecer como São Pedro: “Tú és o Messias, filho do Deus vivo” (Mt 16,13-19), proclamando que Jesus é o nosso Senhor [1].

O problema do mundo atual é que as pessoas já não se reconhecem perdidas e, quando se sentem perdidas, não veem em Jesus um Salvador, mas, muito pelo contrário, o veem como “alguém” que as atrapalha na busca pela felicidade [2].

Não nos causa espanto algum quando paramos para analisar o que este mundo nos oferece – em suas circunstâncias desprovidas do amor e da misericórdia divina – e vemos no homem uma ânsia de felicidade que não é saciada em lugar nenhum e de jeito algum. São inúmeros esforços e lutas buscando a felicidade por nós mesmos, e muitas vezes não nos damos conta de que, quanto mais vencemos, mais perdedores somos. E a pergunta que fica é: “Se não há um Deus Salvador, como ficamos nós, seres dotados de orgulho e egoísmo? Quem nos salvará? ”. Sem fé é impossível cultivar e/ou construir qualquer coisa, inclusive a esperança [2].

É importante notar que, devido ao pecado original, existe em nós a inclinação ao mal, à desobediência, à inconstância e à escravidão pelas coisas materiais [1].

Deus infundiu em nosso coração o desejo pela grandeza, que só será saciada no Céu, junto Dele. Por isso não é difícil olhar para dentro de si e ver essa inclinação desordenada, onde o desejo de ser notado, de ser bem-sucedido e de ocupar altos cargos se sobressai à vontade de engrandecer o nome do Senhor. Acontece que nosso coração anseia por ter um Senhor, e quantas vezes não fazemos de nós mesmos senhores de nossa vida, julgando-nos dignos de glória e moldando tudo ao nosso redor, inclusive o próprio Deus, a nosso bel-prazer. Que perigo para a alma nos submetermos a outro Senhor que não Jesus [1]!

Sofre muito quem se submete à escravidão do mundo material: o dinheiro, os prazeres carnais, carências afetivas ou o apego as criaturas. Sofre mais ainda o Senhor, que quis derramar todo seu sangue como meio de obter nossa salvação, ao ver nossas almas se submetendo a outros senhores, advindo muitas vezes das heresias, ateísmo ou até do cientificismo, podendo chegar ao jugo de sortes tão distantes da nossa fé, como astrologia, tarot... Enfim, todas essas coisas, materiais ou humanas, dentro ou fora de nosso coração, não podem desviar de Cristo a centralidade da nossa alma, já que nossa vida deve ser um constante e intenso advento, ou seja, um tempo imediato para conversão e preparação de nosso corpo e nossa alma para vinda definitiva de Nosso Senhor.

Uma das grandes dificuldades de nossos irmãos na fé, os judeus, é aceitarem o Messias como Salvador. Segundo a crença deles, a vinda de Jesus faria a Terra se tornar um lugar sem males (guerras, fome, doenças etc.). Porém, nas profecias antigas citava-se apenas que Jesus viria à Terra, não se descrevia que seriam duas vindas, uma na humildade (condição humana) e a outra na Glória (julgamento final). Esse intervalo entre as duas vindas de Jesus é o que podemos chamar de tempo da Igreja, tempo que usamos para viver a busca pela salvação. Tenhamos por certo em nosso coração que não seremos salvos se não nos dedicarmos a isso [2].

Entre a vinda humilde de Jesus e a vinda na Glória, no tempo da Igreja, é necessário que Jesus venha em nossa vida, em nossa alma, em nosso coração. Muitas pessoas em sua busca pela felicidade neste mundo, ao perceberem que estão escorregando para o abismo da angústia, se agarram num ato de desespero ao que o mundo define por felicidade e, a partir disso, podemos perceber que essas pessoas ainda não tiveram o seu encontro com Jesus. O Cristo nasce, cresce, morre na cruz, ressuscita e envia o Espírito Santo, para que, movidos pela graça do mesmo Espírito, acolhamos o Senhor que vem [2].


"O Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti! " - (Santo Agostinho)

Busquemos e vivamos o advento, o tempo que espera a vinda do Senhor. Nos configuremos a Ele, ao ponto de que, um dia, ainda na espera, nossa alma possa ressoar as palavras de São Paulo: “Não sou eu quem vivo, mas Cristo vive em mim” (Gl 2, 20). E, dessa forma, ao repousar o olhar sobre nós no nosso juízo, Deus Pai verá seu Filho ali, e encontrará alguém que o amou e serviu aqui na Terra. Por isso, desde já, nesse tempo da Igreja, que Jesus possa vir mais intensamente em nossas vidas e em nossas almas para enfim nos darmos conta para onde estamos indo, se não estivermos indo para Ele [2].


 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. FLORES, José H. Prado. Como evangelizar os batizados?. 13. ed. São Paulo: Loyola, 1997.

  2. Padre Paulo Ricardo. Se não vai para Jesus, para onde vai este mundo?, 2018. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=rRpZUJTxtO0&t=1791s>. Acesso em: 10 out. 2019.

Comments


Commenting has been turned off.
bottom of page